:: São Paulo, 04/05/2024


 

Cenário Geral/Edificação Horizontal

Residencial Jardim das Paineiras

Casas americanas made in Brasil

Casas de 200 m2 a 400 m2 construídas em três meses, Isso acontece, em Cotia (SP), graças à utilização de sistemas industrializados, como placas cimentícias e de gesso acartonado, além de estrutura metálica leve, entre outros.

Um condomínio de casas típicas americanas em plena região de Cotia, na Grande São Paulo, mostra que hpá espaço, no Brasil, para a construção industrializada, nos moldes americanos. Baseadas em um modelo de construção seca, caracterizado pela produção modular em série, em um terreno de 57 mil m2, 30 casas foram erguidas e outras seis estão em execução no Residencial Jardim das Paineiras. Em vez de alvenaria, a vedação externa é com placas cimentícias e a interna com placas de gesso acartonado. Já nas estruturas, o concreto é substituído por perfis metálicos leves (steel light frame).

Segundo o arquiteto Alexandre Mariutti, diretor da construtora e incorporadora Sequência, todas as vantagens do sistema são decorrentes da maior velocidade de execução. Enquanto uma casa de alvenaria leva cerca de um ano para ficar pronta, a entrega de uma do Jardim das Paineiras não ultrapassa três meses. O que ocorre é que todos os elementos construtivos, como paredes, janelas, armários e portas chegam prontos da linha de produção industrial e são apenas montados no canteiro.

As residências variam de 200 m2 a 400 m2. O cronograma curto prevê que na primeira semana fiquem prontas as fundações tipo radier de concreto, em virtude do baixo peso da edificação, o que ajuda a diminuir custos. Na semana seguinte, a estrutura é montada, a partir de peças metálicas modulares, cortadas em fábrica. A maior parte dos perfis tem 0,95mm de espessura. Já nos perfis para reforço das portas e janelas, por exemplo, a dimensão adotada é de 1,25 mm. A largura dos montantes e das guias estruturais varia entre 90 mm, 140 mm e 200 mm, e o espaçamento entre os perfis, de 40 cm a 60 cm, dependendo do pé-direito.

O projeto estrutural das casas pode prever, ainda diferentes layouts internos, inclusive a montagem de edificações de até três pavimentos."Nesse caso, uma das opções é incorporar escadas metálicas ao sistema, mediante lajes estruturadas por vigas de perfis metálicos, onde são apoiadas placas cimentícias ou de madeira, que depois recebem revestimento de piso", conta o engenheiro Hélcio Hernandes, da Streel Frame do Brasil.

Instalações flexíveis

Durante a terceira semana, a cobertura é executada com telha asfáltica do tipo shingle, um dos poucos itens que ainda é importado. Além disso, todas as fachadas da casa são revestidas com siding cimentício, tijolo à vista ou siding vinílico. Os sidings são fixados com parafusos e possuem vários tamanhos, cores e texturas.

Uma vez coberta, a casa está preparada para receber as instalações elétricas e hidráulicas. Nesse caso, são empregados tubos de polietileno reticulado (PEX) flexíveis. Bastante difundido na Europa e na América do Norte, o sistema permite a condução tanto de água fria como quente e é mais flexível que o PVC, permitindo a diminuição do número de conexões, diminuindo consequentemente a possibilidade de vazamentos. O sistema prevê, também, a presença de uma espécie de eletroduto. O tubo flexível é introduzido dentro de um tubo-guia a partir de um quadro até os pontos de consumo, tornando mais fácil o acesso ao sistema. Isso significa que, se algum ponto de utilização apresentar problemas, basta retirar o ramal correspondente, efetuar os reparos e passá-lo novamente, facilitando a identificação de problemas, evitando quebras de revestimentos e agilizando a manutenção.

Na sexta semana, são montadas as paredes de vedação internas, constituídas por duas placas de gesso acartonado, preenchidas internamente com lã de vidro, que confere maior conforto termoacústico. A partir desse ponto, a construção torna-se convencional, com a pintura das paredes, instalação de pisos e de azulejos na cozinha e banheiros. "Essa é a única etapa que depende de um encarregado para acompanhar a evolução do sistema, já que até então o sistema modular diminui a possibilidade de falhas", explica Alexandre Mariutti.

Casa pronta

A Construtora Sequência, responsável pelo empreendimento, oferece uma planta básica que permite várias modificações, de acordo com a necessidade dos clientes. "Não se trata de um projeto arquitetônico, mas de um sistema cosntrutivo", ressalta Mariutti. Ainda segundo o arquiteto, o objetivo é entregar uma casa pronta para morar. Por isso, elas são entregues com luminárias, armários, ar-condicionado, e até com alguns eletrodomésticos. "Mesmo assim, conseguimos vender cada unidade por um preço compatível aos praticados pelo mercado na região, uma vez que economizamos com material,m já que o sistema não abre possibilidade apra que haja sobras e desperdícios", compara.

Além disso, esse sistema de montagem modular também diminui o custo total da obra, pois a facilidade e velocidade têm como consequência direta a redução de mão-de-obra. "Trata-se de uma mão-de-obra mais especializada e, por isso, mais cara. Porém, são necessários menos operários e o tempo que precisamos deles é muito meno", explica o arquiteto. "Seguramente utilizamos apenas 30% de pessoal de uma obra convencional".

De acordo com Alexandre Mariutti, o preço do sistema só não é mais competitivo porque ainda há falta de concorrência entre os fornecedores. Hoje, quase 90% do sistema da Sequência é nacional, porém, ainda são poucos os fabricantes de gesso acartonado, tubulações flexíveis e steel frame, por exemplo. "Mas isso tende a mudar. Quando começamos a investir nesse tipo de construção, há quase dez anos, o kit construtivo era todo importado e os contrutores eapenas montavam as casas no Brasil. Hoje, já percebemos um evolução do mercado, com algumas empresas investindo em linhas de produção no Brasil", conclui.

 

 

 

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